A bioincrustação marinha (ou biofouling, termo inglês utilizado em alguns artigos e livros) é vista como um processo de colonização ou do crescimento de bactérias, algas e invertebrados sésseis (que não se movem) sobre superfícies submersas, que podem ser naturais como, por exemplo, as rochas, madeira e outros organismos vivos ou não naturais, ou seja, pela ação do homem como os cais, plataformas, cascos de navios, bóias e cabos.
O ambiente marinho é um local onde ocorre uma ampla e rápida colonização do substrato, fazendo com que superfícies vivas e não-vivas sejam rapidamente cobertas com uma camada orgânica resultante da colonização por organismos vivos, tais como bactérias, protozoários, fungos, invertebrados e macroalgas. A associação entre esses organismos vivos é um fenômeno que chamamos de epibiose. Na relação de epibiose, encontramos os organismos epibiontes e os basibiontes.
Os organismos epibiontes são aqueles que crescem ligados a algum tipo de superfície, já os basibiontes são aqueles que fornecem o substrato para os epibiontes se fixarem. Os organismos tipo epibiose são tipicamente aquáticos, mas em climas úmidos e alguns poucos grupos podem ocorrer em ambientes terrestres.
Quando os ambientes marinhos são muito povoados, onde a competição por espaço é acirrada, a vantagem de colonizar um organismo ainda desocupado provavelmente é a razão principal para a colonização de outros substratos vivos. Para algas e animais sésseis, todas as superfícies relativamente sólidas representam possíveis locais de fixação.
Vantagens e desvantagens da bioincrustação
A epibiose pode criar uma série de vantagens e desvantagens que afetam ambos os organismos, tanto os que se fixam quanto os que são utilizados como substrato:
Vantagens
Os epibiontes ganham camuflagem para se protegerem de predadores e outras ameaças, pois um conseguem local para alimentação e reprodução.
Alguns basibiontes também podem ser camuflados.
Desvantagens
Os basibiontes costumam ser afetados de forma negativa, pois o peso dos animais pode impedir a sua locomoção com maior facilidade. No caso de moluscos, suas conchas também ficam mais fracas, podendo ser destruídas mais facilmente.
Os basibiontes podem perder a capacidade de reprodução e alimentação, além de encontrarem dificuldades para crescer.
Todos os organismos que se fixam em superfícies podem ser chamados de incrustantes porque se “agarram” ao local, dando origem ao termo “bioincrustação”. Eles podem ser muito diversos, tendo origens, alimentação e estilo de vida diferentes. Por isso, o estudo da bioincrustação é extremamente importante para a compreensão da vida desses animais na natureza, como a manutenção da diversidade de espécies, os efeitos da poluição no ambiente, as formas de prevenção da incrustações em superfícies feitas pelo homem e a bioinvasão (termo utilizado quando uma espécie invade um local novo e domina o ambiente, afetando as outras espécies que eram comuns nesse ambiente).
Apesar da epibiose ser um fenômeno comum, um grande número de organismos marinhos conseguem manter a superfície corporal livre, ou seja, sem a presença de epibiontes. Em muitos casos, esta ausência de epibiontes se dá devido à defesas que impedem a incrustação, denominadas “defesas antiincrustantes”.
Existem vários mecanismos de defesa na competição por espaço que podem ser utilizados tanto isoladamente como combinados para evitar a bioincrustação: defesas mecânicas, físicas, químicas e extrínsecas. Esses mecanismos incluem estruturas e padrões de crescimento que diminuem ou impedem a fixação de outros organismos, produção de compostos tóxicos e até mesmo comportamentos agressivos que podem afastar alguns tipos de epibiontes.
Abaixo, uma galeria de imagens com exemplares de Stramonita sp. incrustados com ostras, cracas e outros epibiontes. Isso pode dificultar também a identificação de alguns moluscos, que é o caso desse gênero de gastrópode marinho.
Comments